Uma mulher do Alabama recebeu um transplante de rim de porco geneticamente modificado e, apenas três semanas depois, já se sentia “melhor do que nunca”, segundo reportagem de Ronnie Carlin Rabin do The New York Times. Em 25 de novembro, Towana Looney, de 53 anos, tornou-se a terceira pessoa nos Estados Unidos a passar por um transplante de rim de porco como parte de um procedimento experimental.
1. A Cirurgia e a Recuperação
Conforme relatado pelo The New York Times, uma mulher do Alabama que recebeu um rim de porco geneticamente modificado agora se sente “melhor do que nunca”. No mês passado, Towana Looney, de 53 anos, tornou-se a terceira pessoa viva nos EUA a receber um transplante de rim de porco.
Até agora, a recuperação de Looney tem sido notável, mas médicos do Centro NYU Langone Health estão monitorando de perto seu progresso. Eles visam garantir seu bem-estar contínuo e estudar os resultados deste procedimento revolucionário.
Em 1999, Looney doou um de seus rins para sua mãe. Porém, em 2002, durante a gravidez de seu segundo filho, ela desenvolveu pré-eclâmpsia, condição que causa pressão alta incontrolável. Isso levou a danos renais e finalmente a doença renal crônica.
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No final de 2016, Looney iniciou tratamento de diálise, processo para remover fluidos excessivos e resíduos do sangue quando os rins não funcionam adequadamente. No início do ano seguinte, ela entrou na lista de espera para um rim humano. Como doadora viva com boa saúde, Looney estava bem posicionada na lista.
Porém, um comunicado oficial do NYU Langone Health Center destacou que encontrar um rim humano compatível para Looney era “quase impossível”. Seu sangue apresentava alto nível de anticorpos que provavelmente causariam rejeição à maioria dos rins transplantados.
Looney permaneceu na lista de espera por quase oito anos.
2. A Oportunidade do Transplante de Rim de Porco
Looney lembra de assistir a uma reportagem sobre pesquisadores estudando o potencial de órgãos suínos para uso humano. Interessada, pediu à assistente social de sua diálise que investigasse a possibilidade de um transplante de rim de porco.
Ela entrou em contato com Jayme Locke, cirurgiã de transplantes e diretora do programa de transplante renal incompatível na Universidade do Alabama em Birmingham. Locke posteriormente tornou-se diretora da Divisão de Transplantes do Departamento de Saúde dos EUA.
Locke solicitou à Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA (FDA) permissão para realizar uma xenotransplante – transplante de tecidos não humanos para pessoas. O FDA aprovou o procedimento através de um projeto que permite cirurgias experimentais em pacientes sem outras opções.
Xenotransplantes são arriscados, mas Looney estava disposta a tentar. Dois pacientes anteriores que receberam rins de porco geneticamente editados faleceram. O primeiro por parada cardíaca não relacionada ao transplante, o segundo teve o rim removido após danos por medicamentos cardíacos. Ambos tinham condições muito piores que Looney, incluindo grave doença cardíaca, que ela não possuía.
3. Detalhes da Cirurgia e Origem do Rim
A cirurgia de Looney foi agendada para 25 de novembro. O procedimento foi realizado por Locke, junto com seu mentor, o Dr. Robert Montgomery, diretor do Instituto de Transplantes do NYU Langone Health.
O rim de porco veio de uma empresa chamada Revivicor, subsidiária da United Therapeutics. Cientistas da Revivicor realizaram dez edições genéticas nos porcos para aumentar a probabilidade de o corpo de Looney aceitar o tecido estranho. Eles adicionaram seis genes humanos e removeram um gene responsável pelo hormônio do crescimento em porcos. Além disso, removeram três genes que poderiam desencadear uma resposta imunológica no corpo de Looney.
Conforme relatado por Nicolleta Lannes da Life Sciences, pesquisadores já haviam testado rins de porco com dez edições em pacientes humanos em morte cerebral, então tinham alguma ideia de como o corpo de Looney poderia reagir. Em contraste, os dois pacientes anteriores receberam rins de porco que haviam passado por apenas uma edição genética.
A cirurgia durou sete horas. Assim que o rim de porco foi suturado no lugar, ficou imediatamente rosado e começou a produzir urina – ambos bons sinais de transplante bem-sucedido.
Até 6 de dezembro, apenas 11 dias após a cirurgia, Looney recebeu alta. Testes mostraram que seu novo rim estava filtrando produtos residuais como creatinina de seu sangue. Ela interrompeu a diálise e sua pressão arterial estava controlada.
Nos próximos três meses, Looney permanecerá perto do hospital para que os médicos realizem exames diários. Ela também usará dispositivos que monitoram sua pressão arterial, frequência cardíaca e outras funções vitais.
Os médicos estão monitorando de perto quaisquer sinais precoces de rejeição do órgão. Transplantes de rim de porco tendem a ter maior risco de rejeição do que transplantes de rim humano. Se a rejeição for detectada, os médicos podem administrar medicamentos imunossupressores para controlar a resposta.
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4. Perspectivas Futuras e Incentivo a Outros Pacientes
Em 1999, Towana Looney doou um de seus rins para sua mãe.
Olhando para o futuro, médicos do NYU Langone Health Center esperam iniciar ensaios clínicos formais no próximo ano usando rins de porco com dez edições. Eles também pretendem comparar o desempenho desses rins com rins que passaram por apenas uma edição genética.
“O transplante é uma das poucas terapias capazes de curar doenças complexas da noite para o dia, mas não há órgãos suficientes para oferecer essa cura a todos que precisam”, declarou Locke. “Pensar em como podemos agora resolver a crise de escassez de órgãos para quem agoniza nas listas de espera me traz pura alegria.”
Enquanto isso, Looney está desfrutando da vida com rins totalmente funcionais. Seu apetite voltou, ela consegue realizar tarefas domésticas com facilidade e tem planos para o futuro – como visitar a Disneylândia.
“Parece um novo começo”, disse Looney à repórter Lauren Neillgard da AP.
Ela incentiva outros pacientes em diálise a considerar se um transplante de rim de porco pode ser adequado para eles. Estima-se que 35,5 milhões de adultos americanos tenham doença renal crônica, e mais de 90.000 pacientes estão na lista de espera por transplante de rim. Segundo a <a href="https “Quero dar coragem àqueles em diálise – sei que não é fácil”, disse Looney durante uma coletiva de imprensa na terça-feira, conforme relatado pela Life Sciences. “E esta não é a única opção. Há esperança.”